sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Felicidade



10 Dicas para ser criativo em sala de aula



As férias estão chegando ao fim! 
Então bora pensar e repensar maneiras de trabalhar com nossas crianças / adolescentes ... seja na escola, no consultório, na casa. Serve para todos!!



******************************************************************************

10 Dicas para ser criativo em sala de aula


Mas como estimular a criatividade em seus alunos, se você mesmo não se considera criativo?

Como ensinar diferente, se você continua pensando exatamente da mesma forma, sem se dar a chance de mudar?
Tenha em mente que a criatividade também pode ser exercitada. Mas este exercício tem que ser feito primeiro em você.
Separamos algumas dicas para você exercitar o seu olhar criativo, da mesma forma que falamos sobre composição musical para crianças.


1- Comece evitando dizer que NÃO é criativo. Esta é a frase que eu mais ouço todos os dias. Se você diz que não é, realmente nunca será. Experimente TENTAR ser criativo. Faça algo que você faz todos os dias da mesma forma , tentando mudar algum detalhe, só para ver no que dá.
2 – O que nos leva a esta segunda dica: ERRE. O medo do erro é o que nos leva a temer o diferente. Permita-se errar, e faça o mesmo com seus alunos. Será um aprendizado valioso para os dois.
3 – Errou? Tente ver o que consegue aproveitar do seu erro. Muitas coisas foram criadas por acidente – penincilina, viagra, batata chips. Muitas vezes o resultado do erro é melhor do que esperado, ou extremamente diferente, o que leva a novas possibilidades.
4 – Pensar de forma criativa é um exercício diário. Em jargão empresarial usa-se o termo “pensar fora da caixa”, buscando-se enxergar as coisas de fora. Tente enxergar sob os olhos de outras pessoas, ou imaginar o olhar de uma criança. Bom começo para se aproximar do universo delas.
5 – A sua criatividade esbarra nos limites que a cultura de sua escola lhe impõe. Então, nem sempre soluções mirabolantes serão bem-vindas em escolas mais tradicionais, por exemplo. Lembre-se: muitas vezes a solução mais criativa também pode ser a mais simples. Busque coisas que possam ser implementadas no seu dia-a-dia, e não lhe tragam conflitos desnecessários.
6 – Criar algo demanda tempo. Levemos em conta, por exemplo, o nome de nosso blog: MUSIQUEDUCANDO. Eu queria criar uma palavra – um neologismo – e fui juntando várias combinações no papel. As primeiras soluções, mais óbvias, foram nomes como MUSICANDO, MUSICALIZANDO, etc. que já são utilizados em outros projetos. Até chegar à palavra final, foram várias tentativas, durante muitos dias.  O resultado acabou utilizando MUSIQUE (música em francês) e EDUCANDO.
7 – Tenha esta palavra em mente: POSSIBILIDADES. Sempre falo que lecionar é tomar ciência dos milhões de possibilidades para a sala de aula. Cada método de ensino, cada abordagem é uma estrada cheia delas. Pense em coisas diferentes que você pode tentar em seu dia-a-dia, e TENTE.

8 – Quando uma pessoa possui muita certeza do que pensa, dificilmente estará aberta a novas possibilidades. Por isso, duvide de si mesmo o tempo todo. Questione-se e ouça mais os outros, além de a si mesmo.
9 – Preste atenção no que os outros professores fazem, no que os alunos dizem, nas referências que vem de fora da escola. Tudo isso é material bruto para ser lapidado em suas aulas. Saiba o que sua “concorrência” está fazendo e, se conseguir, troque experiências. Não tenha medo de contar como faz as suas coisas. Mesmo que alguém lhe copie, nunca será igual a você. Pode até ser melhor, mas dificilmente será exatamente igual. Aprender a compartilhar é um bom caminho para receber também dicas criativas.
10 – Evite a cópia. Mas não há nada errado em inspirar-se – e, se fizer isso, sempre cite a fonte de sua inspiração. O seu olhar sobre o trabalho de uma outra pessoal gerará um trabalho completamente diferente. Mas isso é muito importante – sempre cite a fonte de suas inspirações e pesquisas. É ético e bem bacana.
Por Marcelo Serralva
Fonte: http://musiqueducando.com.br/10-dicas-para-ser-criativo-em-sala-de-aula/

Sobre Marcelo Serralva: Músico, compositor e educador musical. Cursa Licenciatura em Música pela UNIS. Como professor, leciona em escolas de educação infantil e ensino fundamental. Além disso, possui um trabalho musical voltado para o público infantil chamado A Turminha do Tio Marcelo. Saiba mais em www.turminhadotiomarcelo.com.br

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Tempo é ternura





"Viver tem sido adiantar o serviço do dia seguinte. No domingo, já estamos na segunda, na terça já estamos na quarta e sempre um dia a mais do dia que deveríamos viver. Pelo excesso de antecedência, vamos morrer um mês antes. Está na hora de encarar a folha branca da agenda e não escrever. O costume é marcar o compromisso e depois adiar, que não deixa de ser uma maneira de ainda cumpri-lo. 


Tempo é ternura.
Perder tempo é a maior demonstração de afeto. A maior gentileza. Sair daquele aproveitamento máximo de tarefas. Ler um livro para o filho pequeno dormir. Arrumar as gavetas da escrivaninha de sua mulher quando poderia estar fazendo suas coisas. Consertar os aparelhos da cozinha, trocar as pilhas do controle remoto. Preparar um assado de quarenta minutos. Usar pratos desnecessários, não economizar esforço, não simplificar, não poupar trabalho, desperdiçar simpatia.
Levar uma manhã para alinhar os quadros, uma tarde para passar um paninho nas capas dos livros e lembrar as obras que você ainda não leu. Experimentar roupas antigas e não colocar nenhuma fora. Produzir sentido da absoluta falta de lógica.


Tempo é ternura.
O tempo sempre foi algoz dos relacionamentos. Convencionou- se explicar que a paixão é biológica, dura apenas dois anos e o resto da convivência é comodismo. 


Não é verdade, amor não é intensidade que se extravia na duração. 
Somente descobriremos a intensidade se permitirmos durar. Se existe disponibilidade para errar e repetir. Quem repete o erro logo se apaixonará pelo defeito mais do que pelo acerto e buscará acertar o erro mais do que confirmar o acerto. Pois errar duas vezes é talento, acertar uma vez é sorte.
Acima da obsessão de controlar a rotina e os próximos passos, improvisar para permanecer ao lado da esposa. Interromper o que precisamos para despertar novas necessidades. Intensidade é paciência, é capricho, é não abandonar algo porque não funcionou. É começar a cuidar justamente porque
não funcionou.
Casais há mais de três décadas juntos perderam tempo. Criaram mais chances do que os demais. Superaram preconceitos. Perdoaram medos. Dobraram o orgulho ao longo das brigas. Dormiram antes de tomar uma decisão. 
Cederam o que tinham de mais precioso: a chance de outras vidas. Dar uma vida a alguém será sempre maior do que qualquer vida imaginada."


Tempo é ternura
Do livro “Ai meu Deus, Ai meu Jesus”, de Carpinejar
(Bertrand Brasil, 2012)

Regras da família


quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Dicas

6 dicas para saber quando é hora de procurar um psicólogo


Quando algumas coisas parecem não se “encaixar” muito bem em sua vida, pode ser o caso de você considerar a ajuda de um profissional. Hoje o tabu de se procurar um especialista em saúde mental somente quando se acredita ter algum transtorno grave foi quebrado e procurar manter o equilíbrio entre saúde física, mental e emocional tem sido cada vez mais comum.
E como saber se é hora de procurar um Psicólogo? Talvez estas 7 dicas possam te ajudar:
1 – NINGUÉM ME ENTENDE
Às vezes nem mesmo seus amigos mais próximos te entendem. Parece que nenhuma conversa te mostra o caminho que você realmente poderia seguir, parece que, por mais que você explique, ninguém pode te compreender como você gostaria, sem julgamentos. Se não vê mais opção, tome coragem e procure a ajuda de um profissional.
2 – NADA PARECE “ANDAR”
Você sente que já fez de tudo, já tentou de tudo, mas nada dá certo, as coisas não vão para frente. Quando acreditar que já utilizou todos os artifícios, calma! Ainda faltam muitos!  Um profissional preparado como o psicólogo irá lhe auxiliar muito.
3 – VOCÊ SEMPRE SE SENTE  “À FLOR DA PELE”
Sente-se como uma bomba-relógio prestes a explodir a qualquer momento? Sente uma dor no peito e se altera por nada? Quando percebe, já “chutou o balde” por motivos que podem parecer mínimos? Pensar que não ter solução é normal, converse com alguém preparado.
4 – CADA DIA UMA DOR DIFERENTE
Definitivamente o corpo fala! A ansiedade e outras perturbações emocionais podem gerar distúrbios físicos. Você percebe que a cada dia surge uma nova dor, um novo desconforto? O equilíbrio exige mente e corpo sãos. Pode estar na hora de buscar a ajuda de um Médico ou Psicólogo, ou quem sabe, dos dois.
5 – VOCÊ NÃO TEM VONTADE DE FAZER NADA
Ter esta sensação é normal, somos seres humano, mas o excesso de indisposição  e falta de desejo pela vida precisa ser avaliado. Deitar o dia inteiro não é produtivo. Procure ajuda, levante-se! O primeiro passo precisa ser dado.
6– NÃO TENHO TEMPO PARA ESSAS COISAS
Todos temos 24 horas por dia. Por que o dia de algumas pessoas parece render mais que o de outras? O que ocorre com o seu tempo, que nem tempo tem? Você tem tempo para si mesmo? Se você mesmo não faz parte do seu planejamento, algo pode estar desalinhado, cuide-se!
Por: Renato Rosa e Simone Nascimento
Fundadadores da Congressos Online Digital

Adaptado da tradução original de Ane Caroline G. Janiro, via  Psicologia Acessível
Fonte: http://www.contioutra.com/6-dicas-para-saber-quanto-e-hora-de-procurar-um-psicologo/

Depressão

Interessante a forma como a pessoa se vê e a forma como os outros a veêm...
Importante ressaltar a necessidade de buscar ajuda profissional - médica e terapêutica!

**********

Animação sobre depressão aborda ponto de vista do doente e de pessoa próxima

Dados da OMS refletem que 75% das pessoas com depressão não recebem tratamento adequado.
A depressão e os problemas relacionados à doença é um dos males que mais afligem a população, gerando várias vítimas anualmente em todo o mundo.
Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), a enfermidade afeta cerca de 340 milhões de pessoas e causa 850 mil suicídios por ano em todo o mundo.
Somente no Brasil, são cerca de 13 milhões de depressivos.
Atualmente, a depressão é apontada como a quinta maior questão de saúde pública pela OMS, sendo que até 2020 deverá estar em segundo lugar.
Relatório da OMS divulgado em 04 de setembro de 2014, indica um suicídio a cada 40 segundos, sendo que grande partes deles acontecem em pessoas que sofrem de depressão com ou sem diagnóstico.
Abaixo, em apenas 1 minuto você perceberá como a depressão é sentida por uma pessoa doente e descrita por uma amiga próxima.
Lembre-se de ativar as legendas.

Fonte: http://www.contioutra.com/animacao-sobre-depressao-aborda-ponto-de-vista-doente-e-de-pessoa-proxima/


terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Você ensina seu filho a incluir ou a odiar?



Para refletir sobre as ações, comportamentos e fantasias que criamos em torno desses pequenos tão sábios. Não é novidade que as crianças aprendem aquilo que elas vivenciam, visto que tantas vezes representam comportamentos "adultificados", e ai começam as queixas...
Difícil lidar com tudo isso? Não tanto... seria mais fácil encarar o desenvolvimento infantil com mais naturalidade e com a responsabilidade de que isso refletirá na vida adulta. 
Percebo exatamente o descrito no texto abaixo, que as crianças não veem valores, apenas as diferenças. E quando o inverso acontece, a fonte não está nela... e sim no adulto.
Parece que estamos o tempo todo querendo moldar tudo e todos ao nosso gosto e a nossa verdade, acabamos deixando de lado a essência de cada um... e acabamos sufocando a essência de nossas crianças tentando encaixá-las em um padrão que é só nosso; privando de viver a infância em sua plenitude com a liberdade de aprender com as experiências de forma verdadeira, livre de pré-conceitos.

Para refletir...


________________________________________________________________________



VOCÊ ENSINA SEU FILHO A INCLUIR OU A ODIAR?

Por Ligia Moreiras Sena

Todo mundo que tem filhas ou filhos, e mesmo quem não tem mas convive muito com crianças, sabe: toda criança reage ao que é diferente. Se nós, adultos, dotados de capacidade de análise e reflexão, reagimos às diferenças, imagine as crianças…
Diferente de que? Diferente de si, do que é mais comum no meio em que vive, daquilo que vê com mais frequência.
Por estarem ainda em desenvolvimento – cerebral, emocional, cognitivo – muitas vezes as crianças ainda não conseguem frear sua curiosidade natural, bloquear um comentário ou esconder o que pensam – a tal espontaneidade infantil. Ao contrário do que muitos acham, isso não é ruim. Isso é muito bom. E aí está uma das riquezas da infância: agir tal e qual se pensa. Conforme a vida vai passando, vamos aprendendo estratégias e adquirindo ferramentas para “driblar” essa tal espontaneidade e chamamos isso de “viver em sociedade”. Mas penso que, muitas vezes, também se transforma em “viver uma grande hipocrisia“. Criamos máscaras. Dissimulamos. Criamos palavras que confundem, damos a impressão de que estamos sendo bacanas quando na verdade estamos apenas acobertando uma outra opinião. Aprendemos a mascarar o que de fato pensamos.
Muita gente acha que essa espontaneidade e curiosidade natural das crianças, que emerge do reconhecimento do que é diferente de si e dos com quem se convive, é terrível e precisa ser cerceada desde cedo, pois nos coloca tantas e tantas vezes em saias justíssimas.
Eu discordo totalmente. Não precisa ser assim. Não deveria ser assim.
Pois é justamente nesses momentos que reside a imensa riqueza de se orientar uma criança pelo caminho da empatia. De abrir para ela as portas da aceitação, do acolhimento e da inclusão. De iniciá-la nos caminhos da equidade. E aí está um ponto importantíssimo: não da IGUALDADE, mas sim da EQUIDADE. Do reconhecimento de que todos somos diferentes. Todos. E que, ainda assim, temos direitos iguais. Direito de ir e vir. De viver uma vida plena. De amarmos. De sermos respeitados. Cada um segundo sua diferença. E que diferença é o que nos torna ricos. Ser diferente de você é o que, também, me aproxima de você, pois somos iguais nisso, na diferença.
enho vivido isso na prática desde que me tornei mãe de uma criança questionadora e que pergunta sobre tudo o que vê. Não crio mentiras. Não trabalho com dissimulações. Não crio segundas explicações para o que de fato está acontecendo. Fiz isso uma única vez, quando nosso gatinho – por quem ela era completamente apaixonada – morreu vítima do ataque de um cachorro que mora em nossa rua. Não banquei a decisão de contar para ela, então com 3 anos, que seu Haroldo havia morrido. Não consegui. Disse que os gatos gostam mais de viver na rua e, portanto, era para a rua que ele havia ido. Arrependi-me para sempre… Na verdade, ela já sabe que ele morreu, porque seu melhor amigo, amigo desde seu nascimento, já contou: “Claclá, o Haroldo morreu, Claclá…“. Eu ouvi a conversa. Ela argumentou que ele estava na rua e seu amigo disse que não. E eu passei por mentirosa – o que de fato fui. E ela, tão nobre, ainda me poupa do confronto com minha mentira… Não contradiz quando eu digo que ele está na rua. E eu passo por ainda mais tola, para minha imensa, gigantesca vergonha… Por uma ironia da vida, alguns meses depois ela perdeu seu avô querido, meu pai. Aprendida a lição, decidi que contaria para ela a verdade. Com carinho, com amor, com palavras de acordo com o entendimento que sua idade permite, mas contaria. Filhos merecem a verdade. Logo após a morte do avô, ela presenciou uma forte crise de choro minha. Daquelas fruto do desespero de se perder alguém muito amado inesperadamente. Não pedi para alguém levá-la embora ou apartá-la de mim. Não me escondi. Não bloqueei. Ao contrário. Pedi que a trouxessem até o quarto, para que ela entendesse, para que eu contasse, com amor, carinho e respeito. Seu pai a trouxe até mim. E então eu disse: “Filha, mamãe está chorando porque estou muito triste“. Ela: “Está triste porque o vovô morreu, mamãe?“. Eu não havia dito. Ninguém havia dito. Mas crianças aprendem ouvindo os adultos até quando os adultos se acham muito espertões em dissimular. “Sim, filha, porque o vovô morreu“. “Tudo bem, mamãe. Eu vou ficar aqui com você“. E então dormimos juntas a tarde inteira…
Sabe… Às vezes nos falta humildade para  reconhecer a sabedoria da infância. Nesse mundo de adultismos, onde as crianças são tomadas como pequenos seres ignorantes que precisam ser adestrados, não se percebe que muitas vezes é ali que se encontra a sabedoria, o discernimento, a simplicidade, que advêm de não se estar viciado na hipocrisia do mundo dito “adulto”.
Nessas oportunidades, quando contamos a verdade com amor, quando os respeitamos por conversar sobre a vida real, ensinamos mais que lidar com a verdade.
Ensinamos que somos confiáveis. Que ali há uma pessoa em quem se pode acreditar.
E também ensinamos respeito às diferenças, empatia, acolhimento e inclusão.
Vejam.
Quando uma criança de pele branca, que vive com crianças de pele branca, em uma família de pele branca, encontra uma pessoa de pele negra, ela poderá, sim, reagir à diferença (e pego o exemplo nesse sentido, do branco para o negro, porque afinal é nesse sentido que repousa toda a opressão de uma história de preconceito nesse país…). E essa reação é no sentido de: ” Opa! É diferente de mim. É diferente da minha mãe, do meu pai, dos meus tios“, enfim, das pessoas com quem convivo. Mas essa reação ao que é diferente de si não implica em um juízo de valor, entende? Ela não está dizendo: “Opa! Essa pessoa é menos que eu“.
Portanto, se um dia essa criança fizer um juízo de valor a partir de uma simples diferença, foi porqueAPRENDEU a fazer. Porque, na hora do direcionamento e da explicação de uma dúvida de criança, um adulto que – sim – atribui juízo de valor a uma diferença de cor de pele, transmite esse desvalor à criança.
Notem a diferença:
- Mãe, ele é escuro.
- Sim, filha, a pele dele é mais escura que a sua e a minha, mas é da mesma cor que a de muitas outras pessoas.
- Nossa pele, então, é mais clara?
- Sim, nossa pele é mais clara, ou a dele que é mais escura, não importa. Pergunte o nome dele.
ou
- Mãe, ele é escuro?
- Para, filha! Não fala nada, fica quieta, mamãe te explica em casa.
Por que não lidar com naturalidade com aquilo que é natural? Diferenças não são valores! São apenas diferenças. No primeiro caso, trabalhou-se com a realidade, e a explicação que se dá pode ser aprofundada de acordo com a idade da criança. Não é preciso explicar isso em voz baixa, como demonstrando vergonha pela pergunta que a criança fez, como se fosse um segredo, como tanta gente faz. Não há vergonha em termos cores de pele diferentes. No segundo caso, fica muito claro que há um julgamento de valor. Tanto que a pessoa não se sente à vontade sequer para explicar a diferença na frente da outra pessoa.
Mais um exemplo:
- Pai, elas moram juntas?
- Sim, filha, moram juntas.
-  Como você, a mamãe e eu?
- Sim, como eu, mamãe e você.
- Elas são um casal?
- Sim, são um casal.
- São  namoradas?
- Sim, são namoradas.
- Elas se amam? (afinal, aprendeu-se que casais e namorados se amam, não é?)
- Sim, elas se amam.
- Que bom, né?
- Sim. Muito bom. Amor é uma coisa boa.
Tratar com naturalidade aquilo que é natural. E quer você queira ou não, nada mais natural que o amor. Não importa entre quem. Amor é amor e é por mais amor que todos lutam desde que o tempo é tempo. Outro dia li uma frase incrível no Facebook: “Abominam os homossexuais dizendo que isso não é natural. Claro. Porque o que é muito natural é transformar água em vinho, multiplicar pão e peixe e andar sobre a água. Super natural, faço isso todo dia”. Esse é o tom da coisa. Chega a ser caricato.
Notem a diferença:
- Pai, elas são namoradas?
- Cale a boca, menin@. Em casa a gente conversa.
O que há no interior dessas casas, desses lares, que não pode ser conversado fora deles? Seria esse o reconhecimento ainda que inconsciente de que se é limitado e se vive segundo orientações bastante rígidas, artificiais, baseadas em ódio, discriminação e preconceito?
Parece bem óbvia a consequência dessas duas formas de se educar. Quando se educa com empatia, voltado para a promoção do respeito, pensando em criar seres humanos para o bem, para o amor, para uma coletividade menos violenta, mais acolhedora e inclusiva, as diferenças são naturais e naturalizadas e sobre elas conversamos muito abertamente com as crianças. Explicamos. Damos exemplos. Aproximamos de nossa realidade. Trazemos a situação para dentro de casa. Mostramos tudo em termos de respeito a essa imensa e rica diversidade que a vida nos proporcionou e sem a qual não teríamos triunfado como espécie biológica. Se bem que nem acho que triunfamos… Veja bem ao seu redor a quantidade de ódio que existe. Esse é o triunfo do bem sobre o mal? Obviamente que não. Isso é O MAL. Ele purinho. Se há de fato um anticristo, ei-lo: no interior de cada pessoa que propaga o ódio às diferenças. Esse sim é o mal que pode disseminar a morte, a tristeza e toda espécie de praga.
Negar as diferenças entre as pessoas ao invés de ensinar a respeitá-las e acolhê-las é o cerne de muitas doenças sociais: a medicalização da infância e da vida em geral, homofobia, discriminação de gênero, de cor de pele, de lugar onde se nasce e vive, bullying, entre outros.
Que tipo de filho e filha você quer criar?
Alguém que veja beleza e amor nas diferenças ou alguém cheio de ódio?
Mais uma vez, a escolha é sua.
Não se abstenha dela.